Filosofia, Ética e Cidadania
Introdução
O estudo de Filosofia faz parte dos conteúdos mínimos obrigatórios nas diretrizes curriculares do Ministério da Educação para os cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas, como Direito, Administração, Jornalismo, Publicidade e Propaganda etc.
A disciplina Filosofia, Ética e Cidadania visa estimular o desenvolvimento de um pensamento reflexivo, fundamental para a formação de pessoas dignas e livres, comprometidas com o ideal de uma sociedade livre, justa e solidária.
Nesse sentido, é importante iniciar pelos estudos dos conceitos básicos. Começaremos pelo termo Filosofia, suas características, método e utilidade para o desenvolvimento de uma postura crítica. E a pergunta que norteará nossa caminhada será: “Como é ser um filósofo? ”.
Objetivos
Identificar o conceito de Filosofia e suas características;
Avaliar a importância de seu método de análise;
Reconhecer a sua utilidade para a construção do pensamento crítico.
O que significa a palavra Filosofia?
Sabedoria de Vida?
Visão de Mundo?
Visão Religiosa?
Mas o que é filosofia?
Como área do conhecimento, Filosofia nasce da nossa condição de seres racionais e livres, bem como da consequente necessidade de atribuirmos significados a todos os acontecimentos da vida (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
E, neste ponto, considerando um sentido específico, o termo Filosofia nos remete à cultura grega antiga. Esse termo foi constituído por duas palavras philos e sophia, para designar a busca pelo saber, pois philos é um termo grego que significa “amigo de” e sophia, “sabedoria” (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
Nesse caminho de busca pelo conhecimento, o filósofo, “amigo do saber”, não deve ser entendido como aquele que adquire um saber pronto e acabado, como uma aquisição contínua, ou um saber espontâneo no mundo da vida, mas como o que busca a sabedoria, por meio de um espírito indagador, com “exigências de rigor que o bom senso [sozinho] não preenche” (ARANHA e MARTINS, 2009, p. 88).
Como área do conhecimento, Filosofia nasce da nossa condição de seres racionais e livres, bem como da consequente necessidade de atribuirmos significados a todos os acontecimentos da vida (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
E, neste ponto, considerando um sentido específico, o termo Filosofia nos remete à cultura grega antiga. Esse termo foi constituído por duas palavras philos e sophia, para designar a busca pelo saber, pois philos é um termo grego que significa “amigo de” e sophia, “sabedoria” (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
Nesse caminho de busca pelo conhecimento, o filósofo, “amigo do saber”, não deve ser entendido como aquele que adquire um saber pronto e acabado, como uma aquisição contínua, ou um saber espontâneo no mundo da vida, mas como o que busca a sabedoria, por meio de um espírito indagador, com “exigências de rigor que o bom senso [sozinho] não preenche” (ARANHA e MARTINS, 2009, p. 88).
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Como área do conhecimento, Filosofia nasce da nossa condição de seres racionais e livres, bem como da consequente necessidade de atribuirmos significados a todos os acontecimentos da vida (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
E, neste ponto, considerando um sentido específico, o termo Filosofia nos remete à cultura grega antiga. Esse termo foi constituído por duas palavras philos e sophia, para designar a busca pelo saber, pois philos é um termo grego que significa “amigo de” e sophia, “sabedoria” (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
Nesse caminho de busca pelo conhecimento, o filósofo, “amigo do saber”, não deve ser entendido como aquele que adquire um saber pronto e acabado, como uma aquisição contínua, ou um saber espontâneo no mundo da vida, mas como o que busca a sabedoria, por meio de um espírito indagador, com “exigências de rigor que o bom senso [sozinho] não preenche” (ARANHA e MARTINS, 2009, p. 88).
O que importa em Filosofia é a problematização do real, ou seja, a indagação, a busca, o caminho, não o seu resultado, porque este poderá não ser alcançado facilmente e apresentar possibilidades de respostas não conclusivas (cf. MARCONDES e FRANCO, 2011).
Deve-se destacar, portanto, que a Filosofia representa um conhecimento específico que a torna diferente das outras áreas de saber e que vai além do sentido de possuir bom senso. Mas é preciso observar que ela também se afasta do mito, ou seja, crenças, considerado como primeira manifestação de cultura. Neste ponto, observa-se que não se confunde com religião, nem como sabedoria de vida.
De qualquer modo, pode-se usar a palavra Filosofia de várias maneiras no dia a dia, mas, aqui, estamos trabalhando o termo no sentido específico.
Para uma melhor compreensão do termo Filosofia, vamos revisar o que foi dito até agora: a palavra pode ser analisada sob o ponto de vista do senso comum como sabedoria de vida ou poderá ser compreendida como um tipo de conhecimento desenvolvido pela cultura grega no mundo antigo que valoriza o pensamento racional e crítico.
Qual a relação da Filosofia com a atitude crítica?
Ao compreendermos a Filosofia como um saber mais rigoroso, percebemos que está vinculada a um modo de pensar que denominamos racional, e a atividade, racionalizar. O que podemos entender por esse termo? (cf. ARANHA e MARTINS, 2009)
Compreendemos a palavra racional como algo que poderá ser argumentado, ser submetido a um debate, poderá ser compreendido, analisado em seus fundamentos ou pressupostos.
No dicionário Caudas Aulete Digital,http://www.aulete.com.br/ podemos encontrar a seguinte definição para a palavra racional: “capaz de usar a razão, de raciocinar (...) 2. Que se baseia na razão, no raciocínio lógico, e não na emoção (decisão racional, medida racional). Racionalizar como “tornar mais racional ou reflexivo, buscar compreender, expor ou tratar (algo) de maneira racional, lógica”.
Filosofia: admiração ou espanto?
Pensadores como Platão e Aristóteles comentaram que a Filosofia começaria pela admiração ou pelo espanto.
Por que a Filosofia começaria pela admiração ou pelo espanto? O que queriam enfatizar?
Os termos admiração e espanto ligam-se ao sentido de algo visto pela primeira vez. A atitude filosófica procede assim, olha para o mundo com olhar indagador, interroga o próprio ser humano, como compreendeu Sócrates ao estudar a célebre frase no oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo” (cf. ARANHA e MARTINS, 2009).
Fonte: iko / Shutterstock
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Filosofia: admiração ou espanto?
Qual a finalidade prática da Filosofia?
Podemos dizer que a Filosofia possui uma finalidade prática? Uma utilidade imediata como em outros saberes? Ou seria a Filosofia um questionar sem sentido, ao sabor de cada pessoa?
Alguns estudantes se questionam por que precisam conhecer Filosofia, embora não o façam para outros tipos de conhecimentos. Observaremos que o trabalho do cientista pressupõe conhecimentos filosóficos, por exemplo. E nos ajuda a compreender um papel muito importante para a Filosofia na construção do autoconhecimento e do conhecimento científico.
O maior desafio de nossa época está em construirmos uma postura diante da vida que apresente senso crítico e permita o diálogo com nossos contemporâneos, pois estamos vivendo em um mundo novo que está redefinindo papéis sociais, novas áreas de saber e uma multiplicação infinita de informações que precisam ser selecionadas e ordenadas criticamente.
Qual a finalidade prática da Filosofia?
Podemos dizer que a Filosofia possui uma finalidade prática? Uma utilidade imediata como em outros saberes? Ou seria a Filosofia um questionar sem sentido, ao sabor de cada pessoa?
Alguns estudantes se questionam por que precisam conhecer Filosofia, embora não o façam para outros tipos de conhecimentos. Observaremos que o trabalho do cientista pressupõe conhecimentos filosóficos, por exemplo. E nos ajuda a compreender um papel muito importante para a Filosofia na construção do autoconhecimento e do conhecimento científico.
O maior desafio de nossa época está em construirmos uma postura diante da vida que apresente senso crítico e permita o diálogo com nossos contemporâneos, pois estamos vivendo em um mundo novo que está redefinindo papéis sociais, novas áreas de saber e uma multiplicação infinita de informações que precisam ser selecionadas e ordenadas criticamente.
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Qual a finalidade prática da Filosofia?
Fonte da Imagem: iko / Shutterstock
Podemos dizer que a Filosofia possui uma finalidade prática? Uma utilidade imediata como em outros saberes? Ou seria a Filosofia um questionar sem sentido, ao sabor de cada pessoa?
Alguns estudantes se questionam por que precisam conhecer Filosofia, embora não o façam para outros tipos de conhecimentos. Observaremos que o trabalho do cientista pressupõe conhecimentos filosóficos, por exemplo. E nos ajuda a compreender um papel muito importante para a Filosofia na construção do autoconhecimento e do conhecimento científico.
O maior desafio de nossa época está em construirmos uma postura diante da vida que apresente senso crítico e permita o diálogo com nossos contemporâneos, pois estamos vivendo em um mundo novo que está redefinindo papéis sociais, novas áreas de saber e uma multiplicação infinita de informações que precisam ser selecionadas e ordenadas criticamente.
Reflexão
Na verdade, o que está em jogo no mundo contemporâneo é o próprio significado de ser humano e sua finalidade a partir de uma trajetória histórica que não poderá ser esquecida, mas repensada criticamente. Enfrentar velhos dilemas e novos desafios com os pés firmes no chão e uma postura reflexiva.
Qual a contribuição da Filosofia?
A Filosofia nos ajuda a organizar as ideias, ensina-nos a questionar, ou seja, a refletir de maneira mais organizada e cuidadosa sobre os desafios da vida cotidiana. Ela nos auxilia quanto aos inúmeros dilemas morais e éticos, permitindo-nos repensar nossa própria capacidade racional para construção ou redefinição de saberes. Poderá, ainda, aliviar nossas angústias pessoais e nos ensinar a viver um pouco melhor, mais conscientes de nossa época e papel social.
Qual a contribuição da Filosofia?
Fonte da Imagem: iko / Shutterstock
A Filosofia nos ajuda a organizar as ideias, ensina-nos a questionar, ou seja, a refletir de maneira mais organizada e cuidadosa sobre os desafios da vida cotidiana. Ela nos auxilia quanto aos inúmeros dilemas morais e éticos, permitindo-nos repensar nossa própria capacidade racional para construção ou redefinição de saberes. Poderá, ainda, aliviar nossas angústias pessoais e nos ensinar a viver um pouco melhor, mais conscientes de nossa época e papel social.
Saiba Mais
Segundo Maria Lúcia Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (2009, p. 91), a Filosofia possui um papel importantíssimo para uma vida citadina, revela a “transcendência humana”, pois:
por meio da reflexão, a Filosofia nos permite ter mais de uma dimensão, além da que é dada pelo agir imediato no qual o ‘indivíduo prático’ se encontra mergulhado. É a filosofia que dá o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins a que eles se destinam (...). Portanto, a filosofia é a possibilidade de transcendência humana, ou seja, a capacidade de superar a situação dada e não escolhida. (...) A filosofia impede a estagnação (grifos das autoras).
É possível uma definição para o termo Filosofia?
Encontraremos, em muitos autores, variadas definições para Filosofia, diferenciando-a enquanto saber racional. Por conseguinte, Filosofia não se confunde com religião, um saber que se orienta por meio da confiança, da crença, nem se confunde com a ciência, com suas aplicações práticas.
As autoras Maria Lúcia Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, na obra Filosofando, mencionam que:
É possível uma definição para o termo Filosofia?
Encontraremos, em muitos autores, variadas definições para Filosofia, diferenciando-a enquanto saber racional. Por conseguinte, Filosofia não se confunde com religião, um saber que se orienta por meio da confiança, da crença, nem se confunde com a ciência, com suas aplicações práticas.
As autoras Maria Lúcia Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, na obra Filosofando, mencionam que:
“A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limite que exigem decisões cruciais” (ARANHA e MARTINS, 2009, p. 91).
Uma reflexão própria dos seres pensantes que sentem necessidades de autoconhecimento, ou seja, indagar por que pensamos certas ideias, qual a nossa intencionalidade em certas ações, e tantas outras. Pode ser compreendida, antes de tudo, como uma postura diante da vida. Assim, a Filosofia pode ser compreendida como uma reflexão radical, que utiliza um método rigoroso, numa perspectiva de abordagem interdisciplinar (SAVIANI, apud ARANHA e MARTINS, 2009).
“A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limite que exigem decisões cruciais” (ARANHA e MARTINS, 2009, p. 91).
Uma reflexão própria dos seres pensantes que sentem necessidades de autoconhecimento, ou seja, indagar por que pensamos certas ideias, qual a nossa intencionalidade em certas ações, e tantas outras. Pode ser compreendida, antes de tudo, como uma postura diante da vida. Assim, a Filosofia pode ser compreendida como uma reflexão radical, que utiliza um método rigoroso, numa perspectiva de abordagem interdisciplinar (SAVIANI, apud ARANHA e MARTINS, 2009).
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“A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limite que exigem decisões cruciais” (ARANHA e MARTINS, 2009, p. 91).
Uma reflexão própria dos seres pensantes que sentem necessidades de autoconhecimento, ou seja, indagar por que pensamos certas ideias, qual a nossa intencionalidade em certas ações, e tantas outras. Pode ser compreendida, antes de tudo, como uma postura diante da vida. Assim, a Filosofia pode ser compreendida como uma reflexão radical, que utiliza um método rigoroso, numa perspectiva de abordagem interdisciplinar (SAVIANI, apud ARANHA e MARTINS, 2009).
Quais as características da filosofia?
Podemos destacar algumas características para a Filosofia, considerando-se as definições estudadas. De um modo geral, interpretamos a Filosofia como:
Quais as características da filosofia?
Podemos destacar algumas características para a Filosofia, considerando-se as definições estudadas. De um modo geral, interpretamos a Filosofia como:
Saber Radical
O que você entende por “Saber Radical”?
Podemos pensar num amigo que pratica esportes radicais; podemos imaginar como é angustiante conversar com uma pessoa radical. Mas o sentido de radical que estamos a usar é outro. O termo radical assume o sentido latino de radix, radicis que significa raiz, origem, fundamento, base (ARANHA e MARTINS, 2014).
A filosofia é radical porque busca explicitar os conceitos que estão na base do pensar e do agir. Investiga as raízes, os princípios que orientam nossa existência (ARANHA e MARTINS, 2009).
Estudo Rigoroso
O que significa dizer que a Filosofia é um saber rigoroso ou sistemático?
Significa afirmar que o filósofo deve dispor de um método (caminho a ser seguido) a fim de proceder com rigor em sua análise. São vários métodos para proceder a investigações e desenvolver um pensamento rigoroso, fundamentado, coerente e expresso numa linguagem também rigorosa. Os conceitos devem ser claramente definidos (ARANHA e MARTINS, 2009).
Interdisciplinar
A Filosofia é um saber interdisciplinar, um saber de conjunto. Mas o que isso significa?
Significa afirmar que a Filosofia se desenvolve sob uma perspectiva segundo a qual relaciona diferentes aspectos de um fenômeno a ser investigado. Ao proceder às análises, observa as diversas nuances de um problema, por isso interdisciplinar, relaciona diferentes enfoques que estão presentes no objeto a ser investigado (ARANHA e MARTINS, 2009).
O que diferencia a Filosofia de outras disciplinas?
Já vimos que a Filosofia, antes de tudo, é uma postura diante da vida. E, nesse horizonte, oferece-nos um modo de proceder especial para suas indagações. Uma das suas contribuições mais relevantes não é o que se estuda, propriamente, mas como se estuda, ou seja, o método. Ela nos empresta a dimensão radical, o método sistemático que visa coerência no raciocínio e o olhar crítico que é sempre indagador.
Nesse modo de proceder, aprendemos a pensar com rigor e examinamos o que está por trás de nossos modos de ser e agir internalizados na experiência cotidiana mais comum. Muitas ideias que reproduzimos em razão do processo de socialização e que não percebemos.
Atividade
Conforme nos ensina Mário Sergio Cortella, há muitos caminhos para se fazer Filosofia. Assista ao vídeo com a entrevista desse filósofo brasileiro e, a seguir, analise a seguinte questão: sabedoria popular é filosofia? Interrogar aquilo que se faz, indagar sobre a nossa vida, nossa vivência política... seria Filosofia
O nascimento da Filosofia
A Filosofia nasceu por si mesma? Foi um milagre? Nasceu das contribuições orientais? Como surgiu esse modo de proceder que valoriza o pensamento racional? Por que na Grécia?
Acredita-se que a Filosofia surgiu de uma mudança de olhar que os gregos desenvolveram a partir do contato com outras culturas, particularmente a cultura oriental.
Como viviam do comércio e das navegações, descobriram e encontraram novas maneiras de ser e agir. É por isso que alguns autores observam que a Filosofia é o resultado da compreensão que os gregos desenvolveram a partir do advento da pólis (cidade-estado), ou seja, a partir do surgimento da vida urbana e no contato com conhecimentos produzidos por outras culturas (VERNANT, 2004).
O que se pode perceber é a existência de um processo de racionalização do conhecimento e das práticas humanas. Com o surgimento da vida urbana, o ser humano precisou organizar a vida na cidade. As decisões passaram a requerer uma outra maneira de agir, baseada no cálculo, na ideia de ordem etc.
Jean-Pierre Vernant (2004, p. 11) observa que a forma de vida social se desenvolveu na cultura grega com debate público por parte de cidadãos definidos como iguais e membros de uma cidade concebida como bem comum. Essa percepção propiciou o surgimento de um novo pensamento que procurava ordem, simetria, equilíbrio e igualdade.
Nesse caminhar histórico, a Filosofia surgiu como uma forma de organização da vida, um conhecimento prático que se transformou em conhecimento racional, abstrato e universal, uma ferramenta importante para um novo papel – o cidadão que precisa pensar sua posição na cidade.
Assim, na tarefa de organização da vida urbana, os gregos inventaram a ciência e a política. No âmbito do pensamento, desenvolveram a ideia de razão e, com ela, a concepção de pensamento sistemático, lógico, segundo regras e leis.
Segundo Alberto Alonso Muñoz (2008, p. 56), de fato, a Filosofia nasceu grega. E isso significa afirmar que nasceu na região geográfica da Hélade, por volta do séc. VI a. C., numa época marcada por transformações sociais, nas ilhas da Ásia Menor e numa região do sul da Itália denominada Magna Grécia.
Há consenso entre os autores de que seu advento marca a passagem da narrativa mítica, presente em todas as culturas mais antigas para descrever a estrutura do mundo, explicar os fenômenos naturais e legitimar a política, em favor de uma nova maneira de explicar o universo e a vida social – o nascimento do pensamento racional. Por isso, a tradição filosófica menciona que o nascimento da Filosofia, ou seja, do pensamento racional, marca a passagem da narrativa mítica para narrativa racional.
Com o advento da vida urbana e a laicização do conhecimento, as decisões políticas passam a pertencer ao horizonte humano das decisões racionais. As justificativas mitológicas cedem espaço à razão. Esse movimento, essa mudança de olhar foi muito importante para o surgimento de uma postura crítica diante da vida.
O Nascimento da Filosofia
Podemos verificar algumas condições históricas que propiciaram o advento da Filosofia, a saber:
Viagens marítimas
Contribuíram para o desencantamento do mundo, pois muitos lugares vistos como sagrados ou inexistentes passaram a integrar uma nova geografia do mundo conhecido na época;
Invenção do calendário
Propiciou um processo de racionalização da percepção do ser humano inserido no tempo;
Invenção da moeda
Demonstrou uma crescente abstração nas relações entre sujeitos – a troca passa a ser feita pelo cálculo de um valor, não necessariamente através do escambo;
Advento da vida urbana
Com o comércio, a figura dos comerciantes, bem como novos valores que modificaram o olhar do ser humano;
Invenção da Política
Para governar a cidade, a construção da ideia de bem comum, propiciando o diálogo, a discussão sobre as decisões importantes da cidade.
Era uma vez... mito e Filosofia
O que significa mito? Qual a relação da filosofia com o mito?
Mito e mitologia são palavras que nos remetem às narrativas gregas sobre a origem do mundo, as relações de poder, sobre a verdade...
A consciência mítica predominou no mundo antigo, numa cultura de tradição oral, transmitida pelos poetas através de narrativas que apresentavam histórias sobre a criação do universo e relatos míticos sobre a origem da espécie humana. Eram maneiras de justificar a vida, as relações de poder, típicas de uma época antiga, transmitidas de geração em geração. "Memória, oralidade, tradição: são essas as condições de existência e sobrevivência do mito (VERNANT, 2000, p. 12).
O que significa mito? Qual a relação da filosofia com o mito?
Mito e mitologia são palavras que nos remetem às narrativas gregas sobre a origem do mundo, as relações de poder, sobre a verdade...
A consciência mítica predominou no mundo antigo, numa cultura de tradição oral, transmitida pelos poetas através de narrativas que apresentavam histórias sobre a criação do universo e relatos míticos sobre a origem da espécie humana. Eram maneiras de justificar a vida, as relações de poder, típicas de uma época antiga, transmitidas de geração em geração. "Memória, oralidade, tradição: são essas as condições de existência e sobrevivência do mito (VERNANT, 2000, p. 12).
As narrativas eram contadas nas ruas, nas praças, nas casas, etc. Na verdade, eram relatos populares sem autores identificados, mas que contavam um pouco a história de deuses e heróis carregadas de valores morais. Uma forma legitimadora das relações sociais (VERNANT, 2000). Segundo Aranha e Martins (2009, p. 84) Filosofia e mito são diferentes porque...
o pensamento filosófico é algo muito diferente do mito, por resultar de uma ruptura quanto à atitude diante do saber recebido. Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. No mito, a inteligibilidade é dada, na filosofia, é procurada (...).
A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos. Ainda mais: a filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, organiza-se em doutrinas e surge, portanto, como pensamento abstrato.
Os mitos deixaram de existir?
Responde-se que não. O que ocorreu então? A Filosofia ocupou seu espaço na vida social, nas relações de poder, na forma de legitimar as relações. E o mito? O mito limitou-se à esfera da crença, do senso comum, da ideologia, e permanece até hoje presente em nossa cultura, demonstrando um forte componente simbólico em nossas vidas.
Pense sobre este ponto: quantos mitos compartilhamos em pleno século XXI? “O mito do brasileiro cordial”, “Deus é brasileiro!”, “Ano novo, vida nova!” e tantos outros. Na verdade, esconde-se por trás do mito uma realidade de muitas injustiças e discriminações no horizonte de uma desigualdade social extrema (BARROSO e OSÓRIO, 2015). Podem ser lendas como a do Boto Rosa, do Saci Pererê, da Mula sem Cabeça, mas também ideias políticas de forte cunho ideológico.
E você? Tudo o que você sabe sobre o mundo à sua volta é realmente verdadeiro? O que poderá ser considerado mito? A Filosofia nos ajuda a pensar melhor, e esse é o caminho que nos leva ao sentido de como ser um filósofo!
Como nos ensinou Reneé Descartes, a Filosofia nos encaminha para a dúvida, após nos indicar a falta de confiança nos sentidos e em algumas ideias colocadas como verdade por certas tradições. Por quê? Porque sabemos que descobrimos o mundo ao nosso redor de duas maneiras: alguém nos contou e esse alguém pode ter ouvido de outrem ou vivenciado diretamente a situação narrada, ou nós vivenciamos determinada situação diretamente. E, como um pouco de Filosofia não faz mal a ninguém, podemos pensar melhor sobre nossas maneiras de ser e agir, bem como sobre os valores que nos movimentam.
Os primeiros filósofos
A tradição nos diz que a filosofia grega se inicia com Tales da cidade de Mileto, por volta do séc. VI a. C. e termina no séc. VI d. C. quando Justiniano era Imperador do Império Romano do Oriente e a parte ocidental estava nas mãos dos bárbaros.
Os primeiros filósofos
A tradição nos diz que a filosofia grega se inicia com Tales da cidade de Mileto, por volta do séc. VI a. C. e termina no séc. VI d. C. quando Justiniano era Imperador do Império Romano do Oriente e a parte ocidental estava nas mãos dos bárbaros.
Uma vez que a Filosofia representa um olhar questionador diante da vida e do mundo, o que perguntaram os primeiros filósofos?
- Por que os seres nascem e morrem?
- Por que tudo muda?
- Qual a origem de todas as coisas?
Uma vez que a Filosofia representa um olhar questionador diante da vida e do mundo, o que perguntaram os primeiros filósofos?
- Por que os seres nascem e morrem?
- Por que tudo muda?
- Qual a origem de todas as coisas?
Foi Aristóteles quem considerou Tales como o iniciador do pensamento filosófico. Esse novo pensamento nasceu da insatisfação com a explicação sobre o mundo ofertada pelo mito. O que os primeiros filósofos queriam era explicar o mundo natural baseado em causas naturais, por isso foram considerados naturalistas.
Assim, compreenderam que a chave para a explicação do mundo estaria no próprio mundo. Todavia, o mito persiste, pois, a religião permanece, embora com papel reduzido.
Foi Aristóteles quem considerou Tales como o iniciador do pensamento filosófico. Esse novo pensamento nasceu da insatisfação com a explicação sobre o mundo ofertada pelo mito. O que os primeiros filósofos queriam era explicar o mundo natural baseado em causas naturais, por isso foram considerados naturalistas.
Assim, compreenderam que a chave para a explicação do mundo estaria no próprio mundo. Todavia, o mito persiste, pois, a religião permanece, embora com papel reduzido.
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