ética e moral?

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    Há um filme muito interessante, Zuzu Angel, que apresenta uma época em que o Brasil vivia em regime autoritário-militar, década de 60. Nesse filme, há uma passagem, por exemplo, em que amigos do personagem Stuart, durante o recreio escolar, proferem xingamentos à sua mãe, Zuzu Angel. Por quê? Naquela ocasião, a mulher que se separava do marido era mal vista na sociedade, e a mãe de Stuart era “desquitada”, para escândalo das mulheres casadas da época. Nessa cena, e em tantas outras, podemos perceber que os valores mudam e com eles toda sociedade. Hoje, temos uma nova forma de compreender os laços afetivos e lutamos pelo respeito e pelo reconhecimento.


Ética e moral são conceitos diferentes, mas confundidos com frequência pelo senso comum. Sob o ponto de vista etimológico, ética é um termo que deriva da palavra grega ethos, que já observamos que designa costumes, hábitos e práticas de uma cultura e liga-se ao sentido de caráter (ARANHA e MARTINS, 2014).
A palavra moral decorre do latim mosmores, que também significa “maneira de se comportar regulada pelo uso”, ou seja, costumes (ARANHA e MARTINS, 2014).
A moral é histórica e vincula-se à determinada cultura com seus padrões. "O que é moralidade num dado tempo e lugar?" (DUPRÉ, 2015). Aquilo que determinado grupo social reconheceu como bom, útil e desejável e atribuiu um valor moral. A moral possui esse aspecto: liga-se a um grupo social, a um tempo, a certos valores etc. Algumas vezes, assume um sentido pejorativo porque apresenta ideias que mais representam ideologias e, por isso, costuma-se dizer...
Há uma diversidade de sentido entre ética e moral. Como surgiu a confusão? Ethiké é o adjetivo derivado de ethos, que gerou a palavra ética. O termo ethiké apareceu no pensamento de Aristóteles para designar um saber relativo à maneira de se comportar. E é por isso que, para os filósofos gregos, foi considerada “uma forma de conhecimento que diz respeito aos comportamentos” (DROIT, 2014, p. 15).
A aproximação entre os termos é atribuída a Cícero, que teria traduzido o termo ethos e ethiké com o equivalente latino mosmores e teria inventado o termo moralia, no sentido de dados morais (DROIT, 2014, p. 17). Então, onde está a diferença entre ética e moral?
Dito isso, antes de prosseguir, assista ao vídeo “O que é ética?” com o professor Robert Henry Srour, que observa o conceito, sua diferença em relação à moral e o que é um fato moral. 
Quais as três confusões mais comuns que as pessoas fazem quando falam de ética? Primeiramente, diz-nos o professor: as pessoas confundem ética com moral, mas são diferentes. A segunda confusão está em acreditar que a ética se liga a um valor determinado como honestidade, integridade ou idoneidade. E, por fim, confundem ética com os códigos de conduta das profissões, a ética dos médicos, dos engenheiros etc. O professor Robert Henry Srour (2008, p. 14), esclarece que A ética é uma disciplina teórica que se caracteriza pela generalidade de seus conceitos e investiga os fenômenos morais que são objetos singulares e reais; estuda, portanto, a moral praticada pelas coletividades, os modos de agir que afetam as pessoas para o bem ou para o mal. A ética estuda os fatos morais. Fato moral ocorre quando agentes morais agem no mundo, fazem escolhas que impactam na vida de outras pessoas, e isso poderá ocorrer de maneira positiva ou negativa. A partir de nossas ações, podemos prejudicar ou não outras pessoas. Há sempre a presença do outro em nossas vidas. Nas questões mais cotidianas podemos prejudicar ou não os interesses de outras pessoas. Fatos morais, acrescenta o Srour (2008, p. 7), “são fatos sociais que dizem respeito ao bem e ao mal, juízos sobre as condutas dos agentes, convenções históricas sobre o que é certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo”. A ética oportuniza um campo muito amplo para debates, sobretudo em sociedades contemporâneas marcadas por uma multiplicidade de morais. A nossa época “já não vive sob a influência de uma moral dominante capaz de reger tudo. Pelo contrário, o que domina, na maioria das vezes, são dúvidas sobre as regras a seguir, perplexidades sobre os princípios a serem aplicados” (DROIT, 2014, p. 21). Não há como negar que preceitos morais são relativos, efêmeros, passageiros (SROUR, 2008). Os fatos morais investigados pela ética podem assumir três dimensões diferentes: eles podem ser morais, imorais ou amorais (neutros). Um fato social será amoral ou neutro, por exemplo, quando estivermos diante de situações sociais corriqueiras ou triviais, tais como: ir ao 2 cinema, visitar amigos, viajar, ler um romance, ir ao futebol etc. – situações que não implicam efeitos morais sobre outras pessoas. Um fato social moral será aquele em que há uma conduta conforme as regras morais dominantes (SROUR, 2008). Se, em uma comunidade em que há a necessidade de racionamento de água e energia elétrica, por exemplo, seus habitantes fazem um uso consciente de tais bens, estão agindo conforme a moral dominante, logo, praticam fatos morais. Se fizerem um uso abusivo considerado como consumo irresponsável, estaremos diante de um fato imoral, uma conduta imoral (SROUR, 2008). A ética encontra, portanto, a sua utilidade no momento em que há uma grande quantidade de reflexões necessárias por trás de nossas experiências cotidianas que avaliam se somos sujeitos morais, imorais ou amorais. As inquietações contemporâneas sobre a vida, nossas escolhas, situações políticas, formas de governo, a busca pela justiça, o problema do meio ambiente, o direito dos animais, o direito das minorias, o clamor pela honestidade e decoro, o problema da miséria, bem como a busca por uma vida segura e feliz, entre outras questões, reponta o debate sobre a ética. 

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